Entrevista De Emprego (1m)


Barcode - Entrevista De Emprego


Um vídeo com este texto está disponível na Internet para avaliação.

Versão gravada de cristiansubtil para o Youtube

Vídeo Book do Ator Cristian Mazzetti, Direção de Dimas de Oliveira Junior

Câmera: Joe Franco, Edição/Finalização: Jefferson Cardoso

https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=TQn8qbxIKX8

Entrevista De Emprego

 

Resumo

Um candidato a uma vaga de emprego entra em uma sala, onde uma entrevista de emprego deveria ser realizada. Apesar do monólogo, o personagem insiste em ficar com a vaga.

Roteiro

O personagem espia por uma porta, dá umas batidinhas (“toc-toc”) e vai entrando, de modo muito submisso e humilde.

Candidato: Olá! Desculpe ir entrando assim… a sua secretária teve um probleminha e eu fui entrando. Lá de fora parecia que o senhor tinha gritado: “Dona Vilma, mande o resto embora e traga-me uma empada e um guardanapo”, mas tenho certeza que o senhor estava dizendo: “Dona Vilma, está na hora da entrada do próximo candidato”!

O personagem se aproxima de uma mesa, com o “chefe” sentado por trás, fazendo entrevistas para uma vaga de emprego.

Candidato: Por favor, eu estou aqui para… a vaga era para secretária bilíngue?

O personagem coloca a língua para fora e silva como uma cobra (olhando para o “chefe” ou para o público).

Candidato: Eu sei… o anúncio dizia: “jovem solteira, de boa aparência, com diploma em curso superior, que possua experiência e seja bilíngue”. Vamos por partes! Eu acho que eu me enquadro neste cargo! Pode não parecer, mas eu tenho qualificações!

O personagem tira um pedaço de jornal do bolso e o lê.

Candidato: Olha só: “jovem solteira, de boa aparência, com diploma em curso superior, que possua experiência e seja bilíngue”… primeiro, “jovem”. Eu sei que não sou jovem… pensando melhor, vamos pular isso. Bom, também não sou solteiro… e, como dá para ver, nem tenho boa aparência. Mas, “curso superior”… meu curso era superior, eu acho. Olha, eu não sei se era superior ou não… agora fiquei na dúvida! Eu não quero mentir pro senhor, mas esses cursos pela internet… esqueci de perguntar. Mas vamos ver o resto! Quem sabe eu não supero as outras candidatas? Com tantas exigências, em alguma eu vou ser melhor que as outras!

O personagem pega o jornal e o lê em volume baixo e rapidamente, até achar a parte onde havia parado.

Candidato: “jovem solteira, de boa aparência, com diploma em curso superior, que possua experiência…”, experiência! Qual tipo de experiência? Eu tenho muitas experiências! Já fiquei tanto tempo em fila de espera, “chá de banco”, entrevista de emprego… são anos de experiências terríveis, olhando as caras de tontas das secretárias! São umas falsas! O senhor não queira nem saber como elas falam mal de seus chefes! Ah, mas deve ser um engano… aqui pede uma candidata jovem e com experiência. Como pode alguém ser jovem e ter experiência?! Ou se é jovem ou se tem experiência! Que exigência mais sem cabimento… chega a ser um paradoxo!

O personagem pega o jornal novamente e o lê em volume baixo até onde havia parado na leitura.

Candidato: Bilíngue… O bilíngue eu não entendi. Duas línguas? Como assim? O senhor quer uma aleijada? É vaga pra deficiente? Ah, mulher? Tem de ser mulher? Aqui não diz nada. É… tem razão, “solteira” está no feminino! Mas poderia ser erro tipográfico, olha só… vou mostrar pro senhor.

O personagem pega o jornal e finge que está lendo, destacando bem a palavra “solteiro”.

Candidato: “jovem, solteiro, de boa aparência, com diploma em curso superior, que possua experiência e seja bilíngue”. Ah, tá! Vai me recusar por causa de uma única letrinha? O senhor precisa tanto assim de uma mulher?

O personagem começa a rebolar e anda de maneira sensual pela sala.

Candidato: Mas o senhor não sabe o que eu faço por esse emprego!

O personagem tenta fazer caretas, em uma tentativa frustrada de parecer sensual.

Candidato: O senhor há de concordar que é só um detalhe… além disso, quem disse que uma operaçãozinha não está nos meus planos, hein? Posso sentar no seu colo, meu leãozinho?

O personagem altera o tom como se estivesse sendo repreendido.

Candidato: Calma, não fique nervoso! Já parei! Puxa… mas precisa ser mulher mesmo? Sempre pedem “ambos os sexos”…

O personagem fala com o público.

Candidato: Aliás, como pode ser isso? Ninguém tem ambos os sexos… só os hermafroditas! Por isso o desemprego não diminui nesse país! Só oferecem emprego para quem tem ambos os sexos!

O personagem começa a falar novamente com o “chefe”.

Candidato: Nada disso, pode desligar esse telefone! Não adianta chamar a secretária… parece que ela bateu com a cabeça na mesa e desmaiou. Como foi isso? Se eu te contar quem foi eu fico com o emprego?

O personagem começa a ficar nervoso e suplicante, diante da possibilidade de ser expulso da sala.

Candidato: Não, por favor! Não chame os seguranças! Eu preciso desse emprego! Eu tenho três filhos e, agora, um quarto! Preciso muito desse emprego! Eu sei que aqui tem vaga para deficientes… eu posso trabalhar aqui! Eu tenho AIDS e já fui tetraplégico! Por favor, me dê uma chance! Eu sei fazer biscoito caseiro! Tenho três filhos, minha mulher espera um quarto… eu estou desesperado! Minha empregada não recebe há três meses! Minha faxineira não quer aceitar fiado! Por favor!

O personagem puxa uma arma e muda o tom de voz, de choroso passa a ser valentão.

Candidato: Parado aí!  Falei pra não chamar a segurança! Você vai ver com quem está lidando… vai ver quem eu sou! Vou lhe mostrar como eu sou bom! Não quer me dar emprego, não é mesmo, seu unha-de-fome?! Vou lhe mostrar quem merece esse empreguinho! Eu sou bom, está sabendo?

Personagem volta à voz suplicante, mas fala de modo mecânico.

Candidato: Eu podia estar matando, eu podia estar roubando… Mas estou aqui, pedindo a atenção de vocês por um minuto, para conseguir um emprego…

O personagem se encolhe, apreensivo, como se estivesse vendo a aproximação dos seguranças. Ele se protege atrás de alguma coisa (ou se joga no chão). Alguns instantes depois, ele dá dois tiros e espera um momento. Olha para os lados, um pouco desconfiado, e depois, volta à posição normal. Guarda a arma e coloca as mãos na cintura, nos bolsos ou para trás, de modo pensativo. Ele fica alguns segundos em silêncio antes de voltar a falar com o “chefe”.

Candidato: Posso ficar com a vaga para segurança?


O texto também poderá ser encontrado no meu livro:

Livro

Contém 13 textos no total:
7 textos stand-up
4 esquetes para um ator e
2 monólogos (“Meu Cachorro” e “O Buraco”)

Os compradores do livro poderão usar gratuitamente todos os textos contidos no mesmo, sem cobrança de direitos autorais.

O livro é vendido exclusivamente pela Internet no seguinte endereço:

http://clubedeautores.com.br/book/5251–Standup_Monologos_e_Esquetes_para_um_Ator_Unico


© Victor M. Sant’Anna 2006
Direitos Reservados – não copie sem autorização!


Barcode - Entrevista De Emprego

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