Um vídeo com o texto está disponível na Internet para avaliação:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jgDwRDW_6IU
Waldomiro Alves, encenando o texto PMG de Victor M. Sant’Anna
Trecho da peça O Noticiarista, da Cia Teatral En’Cena, de produção da Actus Produções em Brasilia, 2009
PMG (P, M E G)
Cara! Hoje eu passei uma vergonha…
Cheguei numa loja de roupas para fazer uma reclamação e o pessoal começou a rir tanto que eu fiquei muito sem graça…
Todo mundo comete erros! Quem aqui que não cometeu um erro, levante a mão direita!
(olha a platéia)
Olha lá… tem um cara lá atrás que levantou a mão esquerda. Eu não falei? Todo mundo erra! Todo mundo erra!
Mas então, deixa eu contar pra vocês… foi horrível! Sabe quando a gente se dá conta que falou uma bobagem na frente de todo mundo? Pois é…
Eu sempre associei as letras “M” e “F”, que tem nos banheiros públicos com “macho” e “fêmea”. Normal…
Daí que eu sempre achei que aquelas letras que tinham na etiqueta da roupa, “P”, “M” e “G”, também pareciam algo do tipo. O “M” e o “G” eram, para mim, “macho” e “gay”… Sério! Eu entrava nas lojas pensava: “Puxa! Que coisa mais moderna”! E então eu pensava: porque essas roupas, tamanho “macho”, são sempre pequenas e as roupas tamanho “gay” são grandes? Pois fui lá reclamar hoje. Quando eu estava falando com eles é que a ficha caiu! Cara! Que vergonha!
Cheguei no balcão da loja e já comecei a reclamar que eu sempre comprava roupa lá, mas que eu não entendia porque que naquela loja tão boa eu nunca encontrava um “Macho” grande para mim: “Aqui, ó… Por que só os Gays é que servem em mim”?
Verdade, mesmo! Eu sempre pegava um “M” e um “G” para experimentar… só que para mim, era um “macho” e um “gay”. Eu desejava o gay, mas o macho é que era para ser meu. Eu levava o macho e o gay para o provador. Quando eu experimentava o gay, ficava perfeito. Mas quando eu experimentava o macho, o macho deixava minha barriga pra fora ou o macho apertava minha barriga…
Eu nunca saía da loja com o gay, porque não queria que as pessoas me vissem com um gay na rua… eu achei que poderia “pegar mal” se descobrissem…
Então, mesmo desejando o gay da loja, eu acabava pagando e levando o macho para casa! Era bobagem, porque o macho não me servia de jeito nenhum!
E a cueca, então? O gay sempre encaixava perfeitamente no meu corpo, mas o macho apertava minha bunda e apertava o meu saco. Nunca consegui ficar bem com um macho enfiado lá… sabe aonde, não é? Tem um ali que está sorrindo… conhece, não é?
Bom, mas como eu dizia… fazer o quê? Eu não queria usar roupa “Gay”, então, o que eu podia fazer, não é? O pior é que o macho me apertava tanto que eu tive que ir ao médico! De tanto pegar macho, fiquei todo assado! Daí, depois disso, sempre que eu ia botar um macho em mim, eu tinha que passar pomadinha antes!
Quando descobri que “M” e “G” queriam dizer “Médio” e “Grande”, eu não sabia o que fazer. Os caras da loja estavam rindo de mim e eu tendo que aguentar… eu não sabia onde me enfiar! Eu fiquei num vermelhão!
Pior… eu já devia ter desconfiado! Cheguei numa loja, outro dia, pra comprar um presente de aniversário para o meu irmão, que é menor que eu, e o cara não parava de rir… os vendedores riram tanto que começaram a rolar no chão. Tive até que ir embora sem levar nada. E sabe o que foi que eu disse? Eu cheguei pra eles e falei:
– Tenho uma festa de aniversário para ir… quero dois machos igual aos da vitrine, sendo um macho amarelo e um macho branco pra mim. Mas eu também preciso levar um presente para o meu irmão… me vê um “Putinho” preto, fazendo o favor!
+ 2 monólogos (“Meu Cachorro” e “O Buraco”)
O livro é vendido exclusivamente pela Internet no endereço:
http://clubedeautores.com.br/book/5251–Standup_Monologos_e_Esquetes_para_um_Ator_Unico
© Victor M. Sant’Anna 2007
Direitos Reservados – não copie sem autorização!